segunda-feira, 28 de março de 2011

Olhos de amor.


Eram azuis como céu e dependendo da luz tornavam-se mais parecidos com o mar. De alguém que dormia sobre a luz das estrelas e da lua há quase 14 anos, mas que ainda não tinha visto o mar. Na realidade não perguntei sobre isso mas pelo pouco que o conheci é o que acredito. Infelizmente não eram olhos tão puros e inocentes como deveriam ser. Eram olhos que já viram mais coisas ruins do que boas, que contemplaram agressões e tristezas. "Quem vive nas ruas precisa da malandragem", foi o que ele quis me dizer em outras palavras, ainda mais simples que estas. Queria se alimentar e também a seus familiares, e foi basicamente isso uma das únicas coisas que pudemos fazer por ele. Por aqueles olhos que pediam muito mais. Sem saber o que mais poderia ser feito, perguntei o que ele sabia sobre Deus, ele disse "muita coisa" e quem sou eu para discordar de alguém que em menos anos viveu muito mais coisas do que eu? Ainda me disse que gostava de estudar, e subitamente o desejo de poder mudar um pouco mais a vida dele apareceu, ele gostou de ver isso em mim, e o que ele mal sabe é que foi ele quem mudou muito mais a minha vida. Com aqueles olhos que deram sentido ao meu domingo e uma razão a mais para começar uma nova semana. Confesso que não eram olhos tão puros e inocentes, daqueles que não mentem e não tentam enganar os outros. Mas eram olhos que precisam de amor, e muito.

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