sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Romancinho.

Todo mundo teve seu primeiro romancinho. Não aquele que você deu um beijo e sumiu de vergonha do ser que foi beijado. Nem aquele garoto da segunda série que lhe emprestava o lápis de cor e você achava que casaria com ele. Falo de romancinho à dois. Que é a única forma certa de se acontecer até hoje, é claro. Onde um gostou do outro e os dois sabiam disso. Todo nós, se procurarmos profundamente nas boas lembranças do passado lembraremos do nosso primeiro romance. Meu primeiro romancinho aconteceu na sexta série. Entre equações de 2º grau, fórmulas geométricas e verbo to be. Nos corredores da escola e embaixo das carteiras. As declarações vinham em pequenos papéis enrolados em canetas, assinaturas em cadernos com poesias do tipo "gosto por que gosto, gosto porque sim..." e claro que era nos famosos cadernos de perguntas que descobríamos as melhores coisas, quem tiver mais ou menos a minha idade saberá bem do que estou falando, e mesmo sem ter nada a ver com o assunto em pauta, acho necessário lembrar da nossa amiga maria sangrente, que assustadora e histórica habitava no banheiro da escola, sem contar das brigas dos meninos no fim da aula que os tornavam mais populares e na mente deles mais dignos, mas, voltando ao romance: Era diferente do que acontece hoje, bem diferente, porque não pretendíamos casar e nem ter filhos, não a princípio, estava tudo focado somente no presente momento, nas cartinhas, nas tentaivas de ir ao cinema juntos, nos nomes de vocês que combinavam e nas pequenas oportunidades de fazer trabalhos no período oposto ao da aula. O romance não nascia de interesses iguais como deve ser hoje, a pessoa não precisava ser um bom partido, longe disso! Romancinho fazia parte do momento e não do futuro. Meu primeiro romancinho era meu melhor amigo. Falar o nome dele aqui não seria interessante, até porque acho que ele não lê blogs e também não faz mais o meu tipo e provavelmente também não faço mais o dele. Esses dias ao remexer minha caixa de cartinhas, achei uma carta deste garoto, que dizia em suas simples e ingênuas palavras que ficaríamos juntos pra sempre. Não acho que ele mentiu a respeito disso tentando enganar uma garota apaixonada, só acho que nosso romance era ingênuo e lúdico. Mas também ao lembrar deste garoto e dos vários trabalhos que fizemos juntos que até hoje tenho guardado alguns, pensei que talvez ele gostasse de mim somente porque eu fazia a maior parte nos nossos trabalhos. Mas deve ser tarde demais para torturar-se por isso. Tarde e desnecessário. Romancinhos não devem ser analisados e julgados se poderiam ter dado certo ou não, quem errou ou não errou. Não importa. Romancinhos devem apenas ser lembrados numa tarde de domingo e escritos em textos soltos como este. Encontrar hoje um romacinho de quase 8 anos atrás é tão bom quanto achar um diário velho numa gaveta bagunçada. Poder abraçar um romancinho então nem se fala, é poder sentir o cheiro das carteiras e do material escolar no primeiro dia de aula. Porque romancinhos assim, nunca deixam mágoas, deixam apenas saudades...

Raquel

Um comentário:

  1. meeeu, caderno de perguntas, margia sangrenta, tempos bons.. hehehe :D mais e mais eu curto teus texto *-*

    ResponderExcluir